Talita Inaba
Quando se fala em prova teórica, há uma questão polêmica que envolve a
preparação dos candidatos a primeira habilitação. Os alunos têm
estudado para passar na prova ou a preocupação é adquirir conhecimento
sobre os direitos e deveres daquilo que será colocado em prática?
No período de 25 de outubro a 07 de novembro de 2011, o Portal do
Trânsito realizou uma enquete com internautas sobre a satisfação com o
processo de habilitação. 79% deles disseram que o processo de
habilitação é falho em alguns pontos e deveria preparar melhor o futuro
condutor. Em contrapartida, 21% dos entrevistados acreditam que os
futuros condutores estão preparados para enfrentar os desafios do
trânsito. No total, 455 pessoas participaram da enquete.
Para realizar a prova teórica do Detran, todo aluno deve ter
concluído às 45 horas/aula em um Centro de Formação de Condutores (CFC).
A prova contém 30 questões distribuídas de acordo com a carga horária
de cada disciplina do curso teórico. Para realizar a próxima etapa, ou
seja, para partir para o curso prático, o aluno deve obter um acerto de,
pelo menos, 70% das questões.
Eloyluz de Sousa Moreira realizou a prova teórica há seis anos e diz
que “todo o processo de habilitação está organizado de tal modo que
aquele que paga pelo serviço não está preocupado em aprender a se portar
no trânsito, mas sim em não perder mais tempo e dinheiro”. Segundo o
estudante de filosofia, o CFC serve, portanto, “como uma espécie de
curso pré-vestibular, que não possui a função de formar o aluno, mas sim
de torná-lo o mais preparado possível para que responda àquilo que será
exigido dele no teste”.
Marília Silva, diretora e gerente da Autoescola Silva, comenta que
existem alunos interessados em aprender apenas aquilo que cai na prova,
assim como existem alunos preocupados em conhecer mais sobre as
responsabilidades da prática no trânsito. “Muitos alunos se interessam
bastante pelas aulas e questionam, enquanto outros usam até fone de
ouvido na sala de aula”.
Gregg Bertolotti Stella, redator, está tirando a primeira habilitação
e realizou a prova teórica há três meses. Segundo ele, “o “conteúdo”
que faltou ser trabalhado é justamente aquele que não está na apostila e
que não diz respeito diretamente ao exame teórico”. O redator diz que,
entre seus colegas que também estão tirando a primeira habilitação,
muitos comentavam entre as discussões “que não estavam ali para “perder
tempo” com coisas que não iriam cair na prova”.
Elaine Sizilo, especialista de trânsito e consultora da Tecnodata
Educacional, diz que toda a equipe de profissionais de formação de
condutores dos CFCs deve ter consciência que seu trabalho pode fazer
diferença na vida dos futuros condutores e na realidade do trânsito
atual. Sizilo acredita que “capacitar o futuro condutor a preservar a
vida no trânsito torna-o preparado para passar em qualquer teste,
independente da qualidade das questões, mas melhor do que isso: faz do
trânsito um lugar mais humano”.
Existe um setor no DETRAN (Departamento de Trânsito) que faz a
auditoria dos CFCs para verificar se o conteúdo está sendo passado da
maneira adequada, é o que afirma Orlando. “Existe controle e
fiscalização para tornar os motoristas mais preparados”.
Mudança de comportamento
Utopicamente, todos deveriam preocupar-se em melhorar a situação e a realidade do trânsito atual.
Futuros motoristas precisam ter uma opinião uniforme sobre o processo
de habilitação e existem ferramentas de ensino que possibilitam a
educação de trânsito de forma completa e objetiva, com o foco na
preservação da vida.
Segundo Sizilo, o uso de técnicas e recursos didáticos diferenciados
facilitaria a compreensão dos alunos tanto nas aulas quanto na prova. “O
ideal seria desenvolver questões com linguagem mais clara e acessível,
que exijam conhecimento teórico do candidato diante de problemas que
enfrentará no dia a dia do trânsito, com conteúdos atualizados e
diferenciação de técnicas de apresentação das questões, usando fotos,
tiras de quadrinho, recortes de notícias, ilustrações, narrativas e até
vídeos”.
Escolher uma boa autoescola, com credibilidade e competência,
verificar o material utilizado e os recursos que este possibilita são
ações que interferem diretamente na formação do motorista. Uma boa
autoescola e um material de qualidade preocupam-se em preparar o aluno
em um condutor responsável e, consequentemente, adquirir bons resultados
nas provas.