Projeto
de lei que suspende resolução do Contran sobre necessidade de
horas/aula no aparelho será votado hoje pela Câmara Federal
A Câmara dos Deputados votará hoje, em sessão extraordinária, um
projeto de lei que suspende os efeitos de resolução do Conselho Nacional
de Trânsito (Contran), o qual exige o uso de simuladores de direção
pelas autoescolas. O Projeto de Decreto Legislativo 1.263/13 é de
autoria do deputado Marcelo Almeida (PMDB-PR), que alega que, além de
estimular a formação de um cartel de empresas e deixar a carteira de
motorista mais cara, o uso do simulador não vai reduzir a violência no
trânsito. O aparelho necessário custa cerca de R$ 35 mil.
O diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do
Sul (Detran/RS), Leonardo Kauer, faz parte de um grupo de entidades que
mobiliza-se contra a revogação da obrigatoriedade de 5 horas/aula
usando simuladores de direção na formação de novos condutores. O órgão
estadual tem apoio da Associação Nacional dos Detrans, da Associação
Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), da Federação Nacional das
Autoescolas (Feneauto) e dos deputados federais Vicentinho (PT-SP) e
Henrique Fontana (PT-RS), este último, presidente da Frente Parlamentar
em Defesa do Trânsito Seguro.
“Estamos mobilizados e já conseguimos que o projeto não entrasse em
votação na semana passada, para que pudéssemos fazer uma campanha maior
em cima do assunto”, afirma Kauer. Entretanto, o diretor-geral não se
mostra muito otimista em relação à decisão dos parlamentares, que
ocorrerá às 16h. “Sinto que há uma tendência à aprovação do projeto. Mas
nunca se sabe, é difícil de prever”, pondera.
A resolução do Contran é de abrangência nacional. Segundo Kauer, o
Rio Grande do Sul foi pioneiro em adotar o modo experimental pré-prático
(simulador). “Testamos o sistema. Alguns estados ficaram refratários e,
outros, retardatários nesse processo, mas houve locais que ficaram
insatisfeitos com a obrigatoriedade, em função do custo”, diz.
A ideia de que o acréscimo do valor do aparelho no preço da Carteira
Nacional de Habilitação (CNH) torne a formação mais cara é rechaçada
pelo diretor-geral. “Em média, os candidatos costumam fazer 28
horas/aula para se sentirem seguros para realizar a prova, ou seja, oito
horas a mais do que o obrigatório. No Brasil, a média é maior, de 34 a
35 horas. Há estudos que fizemos que comprovam que, com os simuladores, o
número de horas/aula é menor, porque não há interferência de fatores
como clima e outros veículos na rua, que dão insegurança ao aluno. Por
isso, o gasto dele acaba sendo menor com o simulador”, justifica. E
solta uma provocação: “Alguns gestores podem pensar que não é bom
aumentar o valor da CNH em ano de eleição, mas nós acreditamos que uma
vida não tem preço”.
Fonte: Jornal do Comércio