Já imaginou poder ter a visão do carro que está a sua frente em uma
rodovia? Fazer uma ultrapassagem de um caminhão, por exemplo, seria mais
simples e seguro com essa possibilidade. Pois já é possível sonhar com
isso, graças a uma tecnologia chamada See Through, desenvolvida na Universidade do Porto, em Portugal, que permite “ver através dos veículos”.
O sistema permite ao condutor ver a estrada à frente do veículo que o
antecede. Imagine estar atrás de um grande caminhão que deseja
ultrapassar e que bloqueia sua visão, torna a manobra mais difícil e
insegura. Com uma câmara instalada no para-brisa do caminhão e através
de um sistema de comunicação entre os veículos seria possível transmitir
a imagem da câmera ao condutor de trás.
“A transmissão do vídeo entre veículos com um atraso quase
insignificante (200 milissegundos) não afeta em termos de segurança a
manobra de ultrapassagem”, anunciou o pesquisador Michel Ferreira, um
dos autores da inovação.
O equipamento tem como princípio o conceito de realidade aumentada,
que é a integração de informações virtuais com elementos da realidade. O
gerente de produtos da Perkons, empresa especializada em gestão de
trânsito, Ricardo Simões, explica que as aplicações deste tipo de
tecnologia no trânsito podem ser diversas, pois tratam da ampliação dos
sentidos de quem usa o recurso. “A utilização vai desde a indicação de
placas e sinais de trânsito importantes, sugestões de rotas projetadas
no campo de visão do motorista para melhor compreensão sobre o caminho a
tomar, ou uma detecção antecipada de incidentes, para que o condutor
possa tomar as ações cabíveis”.
No entanto, Simões destaca que o serviço deverá ser utilizado com
cautela. “Uma tecnologia como essa deve ser empregada de forma que não
tome a atenção do motorista e sim o auxilie na tomada de decisões. O
recurso deve estar maduro para sua utilização e as informações a
respeito do ambiente que o cerca devem estar 100% atualizadas. Isso
requer uma infraestrutura de telecomunicações e processos bem
estabelecidos para que ela seja usada com um mínimo de garantia”,
frisa.
O gerente de produtos faz uma analogia ao GPS, que é uma tecnologia
amplamente utilizada, mas que ainda tem falhas. “Em aplicativos desse
nível, onde há uma indicação do que há à frente do veículo, eventuais
problemas na tecnologia devem ser muito bem resolvidos antes de seu uso
com total confiança. Vemos o GPS, por exemplo, contendo uma informação
maturada e amplamente divulgada, mas que ainda tem seus percalços ao
mostrar determinadas rotas cujo sentido de uma ou outra via tenham sido
modificadas”, alerta.
No trânsito, a realidade aumentada deverá ser utilizada em conjunto
com ferramentas que permitam melhorar também as respostas às ações,
detectando e tomando o controle quando necessário. “Tais tecnologias
apenas serão utilizadas nos casos onde tenhamos uma frenagem automática
do próprio veículo, por exemplo, ao detectar uma pessoa atravessando a
rua em uma velocidade tida como incompatível para evitar um acidente. As
tecnologias serão sensoras, elas detectarão e restringirão determinados
comportamentos humanos em prol de regras de segurança”, completa
Simões.
Primeiras experiências com a tecnologia
A Google já apresentou um modelo de óculos de realidade aumentada, o Project Glass. O
objeto permite enviar e receber mensagens, consultar informações
meteorológicas e mapas, gravar vídeo e tirar fotografias através de
comandos de voz. Simões enfatiza que é preciso uma legislação para o uso
deste tipo de produto, já que na Califórnia uma pessoa já foi autuada
por utilizar os óculos enquanto conduzia seu veículo.
Outro exemplo de aplicação da tecnologia de realidade aumentada é um
capacete para motociclistas, desenvolvido pela empresa Russa LiveMap,
com sistema de GPS. O capacete vem com tecnologia e recursos que apenas
pilotos de caça têm acesso atualmente. O lançamento do produto está
previsto para agosto de 2014 nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e
Reino Unido.
Com informações da Assessoria de Imprensa
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