Em menos de dez anos, a frota circulante do Brasil cresceu 60%
e hoje está próxima de 35 milhões de veículos. Embora boa parte seja
movida a etanol, combustível
menos agressivo ao meio ambiente, ainda é muito poluente em relação aos
padrões de países desenvolvidos. Reduzir essa diferença, tornando os
carros brasileiros mais econômicos e mais limpos é uma das metas do novo
regime automotivo, chamado de Inovar-Auto.
Lançado pelo governo brasileiro em outubro, após mais de um ano de negociações, o Inovar-Auto estabelece que até 2017 os carros
novos terão de consumir 13,6% menos combustível em relação ao índice
atual. Significa que terão de percorrer, em média, 15,9 km por litro de
gasolina e 11 km por litro de álcool.
Empresas que conseguirem desenvolver produtos ainda mais econômicos, com capacidade de rodar 17,2 km/l com gasolina e 11,9 km/l com álcool terão benefício extra de redução de 2 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Se investir em novas tecnologias, por exemplo na área de segurança, terá direito a mais 2 pontos de corte.
Empresas que conseguirem desenvolver produtos ainda mais econômicos, com capacidade de rodar 17,2 km/l com gasolina e 11,9 km/l com álcool terão benefício extra de redução de 2 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Se investir em novas tecnologias, por exemplo na área de segurança, terá direito a mais 2 pontos de corte.
Um carro
popular nacional (com motor 1.0) de uma fabricante habilitada pelo
regime automotivo recolherá 7% de IPI a partir de janeiro, mas essa
alíquota poderá cair a 3% se todas as etapas do programa forem
cumpridas. Essa redução resultará em importante fator de competitividade
do produto.
Em paralelo à redução de consumo, os carros terão de diminuir as
emissões de poluentes em igual proporção. A exigência do regime é que,
até 2017, cada automóvel emita, em média, 135 gramas de CO² por km
rodado, meta que aproxima os veículos brasileiros aos de países
desenvolvidos. A Europa estabelece 130 gramas de CO² por km rodado até
2015 e 95 gramas até 2020. Já os EUA, onde veículos de grande porte como
picapes e utilitários esportivos são maioria na frota, pretendem chegar
a 154 gramas em 2016.
"Nosso objetivo é garantir carros equiparáveis aos lá de fora e
também exportáveis", diz Bruno Jorge Soares, especialista da Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Ele lembra que, por ter
grande participação de veículos compactos e movidos a etanol, a frota
brasileira já tem bons níveis de eficiência, "mas só isso não é
suficiente para competir no mundo".
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Engenharia
Automotiva (AEA), Antonio Megale, é preciso levar em conta que a Europa
tem mix maior de carros a diesel, a eletricidade e híbridos. Além disso,
a gasolina local, assim como a usada nos EUA, é pura, sem a mistura de
etanol, o que muda a forma de medir consumo e emissões.
Megale vê o novo regime como "ambicioso" e ressalta que "todas as
montadoras terão de aprimorar seus motores com novas tecnologias como
injeção direta de combustível e sistema de queima mais eficiente". Os
carros terão de ser mais leves, com melhor aerodinâmica, usar pneus de
baixo atrito e sistemas como o Start/Stop, que desliga o motor quando o
condutor está parado no trânsito.
Carros mais eficientes são uma demanda cada vez mais urgente no
Brasil. As montadoras calculam que, até 2020, os brasileiros deverão
consumir entre 5 milhões e 6 milhões de veículos anualmente. Neste ano
as vendas já devem atingir volume recorde de 3,8 milhões de unidades, 5%
maior que o de 2011.
Com o rejuvenescimento da frota nos últimos anos, o veículos também são menos agressivos ao meio ambiente por incorporarem novas tecnologias.
Com o rejuvenescimento da frota nos últimos anos, o veículos também são menos agressivos ao meio ambiente por incorporarem novas tecnologias.
Evolução. Apesar do atraso em relação aos padrões mundiais, os
automóveis brasileiros já evoluíram muito nos últimos anos. Segundo a
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea),
seriam necessários 28 veículos atuais para gerar o mesmo nível de
emissões de um veículo produzido em meados dos anos 80.
Com tecnologia desenvolvida no Brasil, os carros flex deram
importante contribuição a esse processo. Lançado em 2003, o sistema que
permite ao consumidor abastecer o tanque com etanol ou gasolina equipa
mais de 80% dos veículos vendidos no País. Antes disso, em meados dos
anos 70, o País também foi pioneiro na produção de veículos com motor
100% álcool.
O fato de o Brasil ter adotado a política do carro flex, porém, acaba
sendo um complicador para atingir metas globais de consumo, pois são
necessárias mudanças na calibração do motor, por exemplo. "Só por ser
flex, nosso carro já tem consumo maior em relação ao europeu",
exemplifica Alessandro Rubio, do Centro de Experimentação e Segurança
Viária.
Outro combustível alternativo que reforça a matriz energética
veicular brasileira é o biodiesel. Desde 2010, o diesel distribuído nos
postos de todo o território tem 5% de biodiesel, obtido de óleos
vegetais extraídos da soja, algodão, girassol e canola, entre outros.
Assim como o etanol da cana-de-açúcar, é um produto renovável.
A indústria automobilística brasileira projeta investimentos de quase
R$ 14 bilhões só para desenvolver tecnologias para atender às novas
normas do regime automotivo. Com isso, o programa total de aportes
previsto pelo setor para o período 2011 a 2015, que inclui novas
fábricas, pode chegar a R$ 60 bilhões.
Reinaldo Muratori, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE),
admite que, mesmo atendendo aos novos requisitos, o carro brasileiro
continuará atrasado em relação aos europeus, mas ressalta que "se o País
continuar nessa toada, vamos estar com eles em alguns anos".
Fonte: Estadão.com
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