Emplacamento passa a ser obrigação em vias públicas, como ocorre com veículos de passeio
O deslocamento de maquinário
ou equipamento agrícola de uma propriedade para outra se tornou uma
operação de risco. As resoluções 429 e 434 do Conselho Nacional de
Trânsito (Contran) obrigam o emplacamento dos veículos rurais que
circularem em vias públicas, mesmo pelo acostamento. E quem não tem
placa está sujeito a multa de R$ 191,54 e a sete pontos na carteira do
motorista.
Para atender a legislação, o agricultor gasta, no mínimo, R$ 264,91
em taxas no Paraná. Só fica livre dessa despesa quem circula apenas
dentro da porteira. Anualmente, para ter um trator será preciso
desembolsar ainda R$ 60,71 para seguro obrigatório, como fazem os
proprietários de veículos em geral.
Os veículos agrícolas fabricados a partir de janeiro deste ano estão
passando por um pré-cadastro, feito pelos fabricantes, junto ao
Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). O proprietário usa os
dados desse cadastro e pede o emplacamento do trator. Os R$ 264,91
referem-se a R$ 154,53 pagos para o registro e a R$ 110,38 do Seguro de
Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre, o
DPVAT. Para o cadastro de máquinas antigas, é necessário apresentar a
nota fiscal.
De acordo com o coordenador de veículos do Departamento de
Trânsito do Paraná (Detran/PR), Cícero Pereira da Silva, a normativa tem
como função criar
um cadastro nacional de máquinas agrícolas. Esse cadastro permite a
identificação de veículos furtados em todo o país. Ele não soube
informar quantos produtores já realizaram o emplacamento. “O número é
insignificante”, ressalta.
A cobrança de taxas é criticada pelas entidades do campo. Para o
assessor técnico e econômico da Federação de Agricultura do Paraná
(Faep), Nilson Hanke Camargo, deveria existir um registro nacional
gratuito que envolvesse máquinas e equipamentos novos e antigos, mas não
a obrigatoriedade de emplacamento. “As máquinas agrícolas raramente vão
para vias públicas, 98% do tempo de uso é rural. Pagar taxas por conta
de 2% não é a melhor forma”, diz.
O presidente do Sindicato Rural de Toledo, na região Oeste do Paraná, Nelson Paludo, considera que seria aceitável o pagamento
de uma taxa única, mas não a cobrança anual do DPVAT. “Renovar todo ano
é muita burocracia e um gasto adicional. Não é viável e prejudica os
produtores, principalmente os pequenos”, adverte.
Resistência
A regulamentação que obriga o emplacamento de máquinas agrícolas que
trafegam em vias públicas levou três anos para entrar em vigor. A demora
deve-se à incompatibilidade dos chassis das máquinas agrícolas com o
sistema de registro de veículos nacional, que não permitia o cadastro. A
data foi postergada para 1.° de junho deste ano para que as indústrias
se adaptassem. Agora, os chassis dos veículos rurais têm a mesma
quantidade de caracteres alfanuméricos do automóvel (17). A
regulamentação, no entanto, corre risco de nova suspensão.
O deputado federal Alceu Moreira (PMDB/RS) está tentando colocar em
votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, ainda
neste mês, um projeto pedindo o fim do licenciamento e emplacamento para
veículos rurais, com medidas similares às aplicadas aos veículos
bélicos. De acordo com a assessoria do parlamentar, há o compromisso do
presidente da CCJ, Décio Lima (PT/SC), de que o pedido seja colocado na
pauta no curto prazo. “Essa resolução é absurda, simplesmente
arrecadatória, sem noção da realidade dos trabalhadores rurais”,
criticou Moreira. Em países como os Estados Unidos, o emplacamento é
exigido apenas em rodovias federais.
Fonte: Mídia News
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