De acordo com pesquisador, não há muitas opções de escolha para deslocamentos nas cidades brasileiras
Estudo
divulgado em 2014 pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra
que são necessários quase R$ 1 trilhão em investimentos para projetos
prioritários de infraestrutura de transportes no Brasil para eliminar as
dificuldades do setor. No caso dos projetos urbanos, o levantamento
sugere implantação de corredores expressos ou BRT, construção de
infraestrutura para VLT, monotrilho, metrô e trem urbano, adequação do
pavimento, plataformas de ônibus e terminais de passageiros para
melhorar a qualidade dos deslocamentos. Diante da precariedade do
sistema de transporte das cidades (seja coletivo ou individual), é
importante avaliar alguns aspectos na hora de escolher como se
locomover.
De acordo com o especialista em políticas públicas de transporte e
pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Artur Morais, antes de
tudo é preciso verificar se existe infraestrutura disponível para o meio
de transporte a ser adotado. “Depois disso, deve-se avaliar a distância
a ser percorrida. Se a distância for de até 2 Km, são apenas 20 minutos
de caminhada. Até 7 Km, o meio mais rápido é a bicicleta. Acima disso,
carro e ônibus suplantam os anteriores. Se houver metrô, é ideal para
longas distâncias e movimentos pendulares – de casa para o trabalho e do
trabalho para casa –, porque não tem engarrafamento. Corredores de
ônibus, como os de Curitiba, se assemelham a essa situação”, explica.
Entretanto, segundo Morais, de maneira geral, a realidade brasileira
não permite muita escolha, pois nem todos os meios estão disponíveis
para todas as pessoas. Ele afirma que em Brasília, por exemplo, a
ciclovia é apenas para passeio. E há poucas cidades com trechos
adequados, sem buracos ou com iluminação. “Uma pergunta frequente é para
quê andar de ônibus, apertado, se há possibilidade de ir de carro
confortável para a mesma distância? Se não houver estacionamento, isso
muda um pouco. Se as condições forem decentes, a preferência é sempre
bicicleta, metrô ou ônibus”, conclui.
A especialista em mobilidade urbana, Eva Vider, lembra que a renda da
pessoa que vai se deslocar também interfere. Segundo ela, três
elementos influenciam a escolha dos meios de transporte: a
característica socioeconômica do cidadão, a disponibilidade do meio de
transporte e as condições – tempo – de viagem do momento. Porém, se
todos os meios estiverem disponíveis a opção deve ser sempre pelo
transporte coletivo ou, se for individual, que seja não motorizado. O
automóvel seria a última opção. “O carro ocupa muito espaço nas vias
urbanas transportando, em média, apenas uma pessoa. É melhor gastar
menos espaço viário, diminuir congestionamento e acidentes de trânsito.
Mas para o uso racional do automóvel, isso é, fora das horas de pico,
para passeio e não como meio de transporte nos grandes corredores da
cidade, é mais recomendado. A mobilidade urbana sustentável sempre vai
priorizar o transporte público e o não motorizado, e depois o carro”,
finaliza.
Na opinião de Morais, o meio de locomoção mais barato é o não
motorizado, com benefícios para a saúde e para o meio ambiente, já que
não polui e não ocupa espaço. Já metrô e ônibus poluem menos pela
quantidade de pessoas que comportam, o que também diminui o espaço
ocupado nas vias e com estacionamentos. “De maneira geral, a vantagem do
carro é pessoal e a desvantagem é coletiva. Com os demais meios, a
lógica é inversa”, afirma o pesquisador.
Ricardo Simões, gerente de produtos da Perkons, empresa especializada
em gestão de trânsito, comenta que o uso de tecnologias é um grande
aliado para garantir prioridade para o transporte coletivo e não
motorizado nas vias. “Muitas cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro,
Recife e Curitiba já estão adotando medidas para ‘acalmar’ o tráfego e
dar prioridade nas ruas para o pedestre e ciclista, pois entendem que
quanto maior a velocidade maior o risco à vida. Além disso, priorizam o
transporte coletivo, através das faixas exclusivas para ônibus para que
os deslocamentos mais baratos e sustentáveis sejam mais atrativos”,
cita.
Assessoria de Imprensa Perkons
Mariana Simino