Plano de mobilidade urbana será exigência para municípios com mais de 20 mil habitantes, que representam 52,9% dos que têm o trânsito municipalizado
A municipalização do trânsito,
exigida desde 1998 com o Código de Trânsito Brasileiro, e a Lei de
Mobilidade Urbana, vigente desde abril de 2012, trazem diretrizes aos
municípios para oferecer eficiência na gestão do trânsito, segurança nos
deslocamentos e qualidade do transporte. O histórico já revela uma baixa taxa de
municipalização do trânsito [ver infográfico]. De acordo com dados de
compilação da Perkons* – empresa especializada em segurança viária e
mobilidade urbana – apenas 25% dos 5.575 municípios brasileiros têm o
trânsito municipalizado. Na região Sudeste são 23,6%, no Sul 47,4%, no
Centro-Oeste 22,7%, no Norte 15,8% e no Nordeste 14,3%.
A Lei de Mobilidade Urbana exige
que até 2015 as cidades com mais de vinte mil habitantes, que
correspondem a 29,7% do total, apresentem seus planos de mobilidade para
receber recursos federais
para o setor. No Brasil, desses 1.653 municípios 52,9% (874) concluíram
a municipalização do trânsito. A medida transmite a cada prefeitura a
responsabilidade sobre o trânsito da cidade.
Favorece a atuação mais próxima da comunidade e oferece autonomia para
gerir o trânsito de forma integral. O trânsito é dinâmico e a forma como
as pessoas transitam tem influência direta do meio. Novos comércios e
indústrias, que são polos geradores de tráfego, por exemplo, requerem
que o município planeje essas mudanças e atue para oferecer as melhores
condições de segurança e de ordenação do tráfego, por meio de
sinalização e fiscalização.
O desconhecimento de como
gerenciar o trânsito, o receio quanto aos investimentos necessários e a
comodidade de “terceirizar“ funções aos Detrans podem ser algumas das
razões para a não municipalização do trânsito, segundo a especialista em
trânsito da Perkons, Maria Amélia Marques Franco. “A gestão integral do
trânsito, dentro das atribuições definidas aos municípios, requer conhecimento técnico específico e capacitação dos servidores, porém com a realização de convênios é possível fazer parcerias para o cumprimento das obrigações municipais”, argumenta.
Para Maria Amélia, com a
municipalização é possível atender melhor às necessidades dos cidadãos.
“Cena comum em municípios pequenos são veículos estacionados em calçadas
ou na frente de guias rebaixadas, causando transtornos e os incomodados
se veem sem saída para resolver a situação. Não há a fiscalização e
sequer a prefeitura tem regulamentado um serviço de guincho para esta
finalidade. Conta-se com a paciência e espera-se a gentileza. Sem a
atuação do órgão e a fiscalização as ruas podem parecer 'terra sem
dono'”, ilustra.
Lei da Mobilidade Urbana precisa ser integrada com os planos das pastas municipais
A Lei de Mobilidade Urbana,
que exige Plano de Mobilidade para cidades com mais de 20 mil
habitantes, tem como objetivo melhorar a acessibilidade e a mobilidade
nos municípios e integrar os diferentes modos de transporte. A
legislação dá prioridade aos pedestres e aos meios de transporte não
motorizados e ao público coletivo.
Dada a abrangência da lei, o
superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP),
Luiz Carlos Néspoli, acredita que é fundamental uma integração entre os
planos previstos para o município em suas diversas pastas, como
habitação, desenvolvimento urbano, sistema viário, área de transporte e
saúde, uma vez que a mobilidade com qualidade, segurança e
sustentabilidade envolve um conjunto de ações coerentes e de longo
prazo.
“A circulação de pedestres,
bicicletas, transporte individuais, táxis, transporte coletivo e outros
meios devem estar articulados com o plano diretor da cidade, de maneira
que haja uma harmonização entre as redes viárias e de transporte e a
ocupação e uso do solo da cidade”, afirma. Néspoli explica ainda que
caso o município já tenha um órgão de trânsito é importante que ele seja
reorientado para seguir as diretrizes da Lei de Mobilidade.
O superintendente acredita ser
difícil que todos os municípios sejam capazes de elaborar o Plano de
Mobilidade até 2015 para pleitear os recursos federais. “Um dos grandes
gargalos atuais para absorver, por exemplo, os recursos do PAC, é a
carência de bons projetos, o que reflete a pouca estrutura técnica dos
municípios”, analisa. Entretanto, avalia que esta lei, aliada aos
recursos colocados à disposição pelos governos, tornam o momento
propício para a discussão dos problemas de mobilidade e para agitar o
meio técnico e político. “Estes fatores dão esperança de que a atenção
que está se dando ao tema é irreversível”, completa Néspoli.
*O levantamento considera os dados dos municípios e do Distrito Federal.
Com informações da Assessoria de Imprensa
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