Contran
se reúne nesta quarta e pode analisar resolução que obriga teste. Pasta
sustenta que não há evidências de que medida reduzirá acidentes
O Conselho Nacional do Trânsito
(Contran) se reúne nesta quarta-feira (18) e deve analisar pedido feito
pelo Ministério da Saúde para derrubar uma resolução que obriga
motoristas de ônibus, caminhões e carretas a fazerem exames
toxicológicos. Documento obtido pelo G1 mostra que a pasta não vê
evidências científicas de que a medida reduzirá os acidentes de trânsito
associados ao uso de drogas. A reunião começa às 9h.
No dia 5 de dezembro, foi publicada no Diário Oficial a resolução que
torna obrigatório o exame para detecção do uso de drogas no momento de
tirar ou renovar as habilitações das categorias C, D e E. Conforme a
norma, clínicas especializadas começariam a fazer o exame a partir de
junho.
O exame detecta o uso de drogas em até seis meses anteriores e
identifica substâncias como crack, maconha, anfetamina e cocaína. O
teste pode ser feito com um fio de cabelo, um pedaço de unha ou pele.
Para pedir a revisão da resolução, o Ministério da Saúde se baseou na nota
técnica número 21/2013, elaborada pela pasta, que questiona a
efetividade da medida. O documento argumenta que a causa de acidentes é o
uso durante a condução de veículos, e que o exame de larga janela, como
é chamado o que detecta em longos períodos anteriores à sua realização,
não flagra o uso somente no momento da condução e sim em outros
momentos, que não é considerado crime.
"Portanto, vincular a habilitação de motoristas
à realização de exames desta natureza [...] não identifica o risco
imediato do motorista profissional de dirigir sob a influência de drogas
e outras substâncias psicoativas, nem proporciona medidas de
intervenção imediata", justifica o documento. “Há de se restringir a
detecção de eventual uso de drogas no período médio de 6 horas,
caracterizando o uso e o risco imediato do condutor na via”, completa a
nota.
O ministério avalia ainda que o exame feito com o fio de cabelo, "tem
alta possibilidade de contaminação pelo ambiente gerando falsos
positivos". A pasta defende o uso do exame de urina, que não é invasivo e
permite identificar o uso recente de drogas.
Por meio de nota, o Contran informou que o pedido de revisão do
Ministério da Saúde só chegou depois da resolução já publicada no Diário
Oficial e, por isso, que só deve ser avaliado na reunião desta
quarta-feira. A pauta não é divulgada com antecedência, mas o assunto
está na pauta dos temas que estão para ser analisados em reuniões
futuras.
O órgão salientou também que o texto foi aprovado com apenas um voto
contrário, o do Ministério da Saúde. Também fazem parte do conselho
representantes do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), e dos
ministérios da Justiça, Defesa, Transportes, Educação, Ciência e
Tecnologia, Meio Ambiente e Cidades.
Já o Ministério da Saúde informou
por nota que o pedido de revisão foi protocolado no dia 28 de novembro,
antes da publicação no Diário Oficial. A pasta justifica que o pedido
tem o objetivo de discutir alternativas de teste "de forma imediata
durante a fiscalização nas vias e rodovias". "Dessa forma podemos
identificar que o motorista está dirigindo sob efeito de drogas",
defendeu.
A pasta justificou ainda que com a periodicidade de cinco anos (prazo
para renovação da habilitação), "não é possível identificar o efeito
imediato da substância psicoativa associado à condução". E classificou
como "alto" o custo para implementação da medida. Cada exame pode chegar
a custar R$ 500.
Fonte: Globo.com
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