O
estresse, cada vez maior, nos grandes centros urbanos, causado pelo
excesso de veículos, com a consequente saturação dos espaços viários,
redução da velocidade de deslocamento, ruas alagadas em dias de
temporais e o caos dos constantes congestionamentos, vem criando uma
legião de motoristas e passageiros estressados, deseducados,
intolerantes e hiperagressivos.
Estamos diante de cidadãos, sem histórico de mau comportamento
social, mas que, em função do elevado grau de estresse, causado pelo
trânsito e pela agitação da vida moderna, independente do grau cultural,
podem se transformar em assassinos em potencial a qualquer instante,
bastando que um motorista de ônibus não pare no ponto ou arranque
bruscamente causando lesão ao passageiro ou mesmo uma pequena fechada no
trânsito.
Basta ver a tragédia da terça-feira, 02/04, com a queda de um ônibus,
do viaduto de acesso à Ilha do Governador, na Avenida Brasil, no Rio,
que culminou com a morte de 7 passageiros, além de 11 feridos. O
acidente teria tido como causa, segundo o relato de algumas testemunhas,
uma discussão entre o motorista do ônibus e um passageiro, um jovem
universitário, de 25 anos, que teria agredido o condutor do coletivo.
No que concerne ao comportamento dos motoristas de ônibus, há que
registrar que somente a reciclagem e o treinamento internos, efetuados
pelas empresas, sem o monitoramento de tais profissionais, no desempenho
do serviço em vias públicas, não resolve a questão. As empresas
precisam saber como se comporta cada profissional ao volante,
extramuros, no seu dia a dia, na importante missão de condução de seres
humanos ao volante de um ônibus.
Ressalte-se que alguns motoristas de ônibus, além de serem vítimas do
estresse causado pelo trânsito, são portadores de doenças importantes
tais como diabetes, hipertensão e doenças coronarianas. Alguns sequer
sabem que são portadores de tais enfermidades e conduzem centenas de
pessoas/dia, podendo ser vítimas de mal súbito ao volante e dar causa a
inúmeras tragédias, sem falar nas condições adversas de trabalho
a eles oferecidas -em dias de temporal é sempre um caos- alguns com
função também de cobrador, dirigindo veículos em mau estado de
conservação, sob o efeito de temperaturas que no Verão chegam à sensação
térmica dos 45 graus, sem que o veículo possua sequer ar
condicionado.Isso também é desumano.
É fato real, porém, que o aumento progressivo da frota de veículos em
circulação, em vias urbanas, pode tornar o trânsito uma fonte ainda
maior de acidentes, estresse e agressividade. Precisamos, portanto,
preparar psicológica e tecnicamente novos e atuais motoristas para um
trânsito cada vez mais congestionado e estressante. Sem dúvida o
trânsito é um componente urbano gerador de alto estresse.
PS: Um motorista de ônibus foi detido com um sacolé com
aproximadamente um grama de cocaína na Rua do Lavradio, no Centro do
Rio, no final da noite de quarta-feira, 03/04. Para comprar o
entorpecente, de acordo com os policiais militares do 5º BPM (Praça
Harmonia), o homem de 41 anos, deixou o veículo que dirigia, da linha
366 (Lavradio - Campo Grande) da empresa Expresso Pégaso, no ponto final
na Rua do Senado. Ele se preparava para a última viagem do dia.
Profundamente lamentável.
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