Muitas
vezes o que é normal para um motorista, é um pouco diferente para
outro, que precisa de cuidados especiais. Mas esse condutor não tem que
ficar privado do seu prazer de dirigir, da sua liberdade de se locomover
sem depender de outras pessoas. Ele pode levar uma vida normal ao
volante. Precisa apenas tomar alguns cuidados, seguir alguns conselhos,
algumas dicas. É preciso se manter alerta. Mas é melhor assim, para a
segurança deles e a das outras pessoas que o cercam. Em muitos casos,
basta usar somente o bom senso.
Portadora de epilepsia controlada, a estudante Bruna Ottoni passou
por um susto aos 19 anos quando teve uma crise dentro do carro na fila
do Drive-Thru de uma lanchonete. Bruna recebeu os primeiros cuidados
ainda no veículo, mas um funcionário do estabelecimento teve que levar o
veículo da estudante até a casa dela. “Esse foi o único susto que
passei no trânsito, mas tive sorte por estar com o carro parado”, relata
a estudante de psicologia, hoje com 29 anos.
Bruna faz parte de uma parcela dos motoristas brasileiros que têm de
administrar o volante com remédios controlados. As especificações a
esses condutores começam no primeiro passo para tirar a Carteira
Nacional de Habilitação (CNH). Inicialmente, o processo do epiléptico
segue a mesma rotina prevista no Código Brasileiro de Trânsito (CTB)
para qualquer candidato à obtenção do documento. Ele tem que preencher
um questionário, que inclui perguntas sobre a condição de epiléptico e
outras doenças e eventuais limitações. Em caso positivo, o médico irá
direcionar o exame tendo esse fato com referência. O candidato recebe
então um novo questionário específico para a situação de epiléptico, que
deverá ser respondido pelo seu médico assistente, em geral um
neurologista. “O epiléptico pode ter uma vida normal, inclusive no
trânsito, basta seguir todas as orientações médicas e nunca esquecer de
tomar os remédios”, explica o diretor médico do Detran-MG, Marcelo
Figueiredo. Para serem aprovados nos exames da primeira habilitação e
nas renovações, os candidatos não podem ter histórico de crises nos 12
meses anteriores ao teste. Caso não haja impedimentos para que ele
assuma a direção de um automóvel, o exame seguirá a rotina de qualquer
outro candidato.
Embora o paciente possa assumir normalmente o volante, ele está
limitado a conduzir automóveis. A categoria 'B' é a única permitida ao
epiléptico. O Código Brasileiro de Trânsito não estabelece o período de
validade da CNH do portador de epilepsia. Esse critério fica sob a
responsabilidade de cada Detran. Em Minas, o departamento estabeleceu o
mesmo período de validade da carteira para todos os condutores. “Esse é
um padrão adotado pelo Detran-MG e todos os requisitos para que um
epilético possa dirigir tornam a seleção absolutamente segura e
compatível com as exigências pedidas em outros países”, comenta o
diretor médico do Detran.
Mesmo cercado de cuidados, o processo seletivo não é 100% eficaz. No
questionário inicial, o candidato pode simplesmente ignorar sua condição
médica para fugir do protocolo exigido de quem tem epilepsia. A
estudante Bruna chegou a ser orientada por seu neurologista a não
informar a epilepsia no exame médico. “Mas achei melhor falar para que
eu não tivesse problemas futuros”, comenta. Se o candidato esconder a
doença, ele estará sujeito a um processo criminal caso se envolva em um
acidente.
Distúrbios do sono
Cerca de 30% dos acidentes de trânsito pelo mundo são causados por distúrbios do sono. Alteração de reflexos, sonolência e embaçamento visual são alguns dos efeitos que podem ser provocados pela maioria dos antidepressivos, ansiolíticos, tranquilizantes e anticonvulsivantes. Esses medicamentos são vendidos somente sob prescrição médica e alguns deles com retenção da receita pela farmácia. No entanto, os medicamentos denominados OTC (over the counter), do inglês “sobre o balcão”, são produtos de venda livre que não exigem receituário médico e também podem trazer graves consequências para quem está na direção de um veículo.
Cerca de 30% dos acidentes de trânsito pelo mundo são causados por distúrbios do sono. Alteração de reflexos, sonolência e embaçamento visual são alguns dos efeitos que podem ser provocados pela maioria dos antidepressivos, ansiolíticos, tranquilizantes e anticonvulsivantes. Esses medicamentos são vendidos somente sob prescrição médica e alguns deles com retenção da receita pela farmácia. No entanto, os medicamentos denominados OTC (over the counter), do inglês “sobre o balcão”, são produtos de venda livre que não exigem receituário médico e também podem trazer graves consequências para quem está na direção de um veículo.
Alguns analgésicos, antigripais e antialérgicos vêm com alerta na
bula da possibilidade de provocar sonolência, perda de atenção e
debilidade psicomotora. Nesses casos, há a recomendação ao usuário para
evitar dirigir veículos ou operar máquinas. De acordo com o farmacêutico
Carlos Henrique Cincoetti, antes de um medicamento ser colocado no
mercado, a indústria farmacêutica realiza todos os testes possíveis para
análise dos efeitos colaterais que o produto possa ter. “Assim, além de
orientação ao paciente, é uma forma dos laboratórios se protegerem
legalmente caso algum problema venha a acontecer”, completou.
Em 2009, a Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet)
enviou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma proposta
de regulamentação para que as embalagens dos remédios que coloquem em
risco o ato de conduzir veículos tivessem um símbolo de alerta. A
frase“se tomar este remédio não dirija”também chegou a ser sugerida.
Infelizmente, ainda não houve um consenso entre as autoridades
brasileiras para que um projeto desse tipo seja colocado em prática.
Fonte: Diário de Pernambuco
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