Uma
pesquisa americana revelou que as mães cometem muitos erros enquanto
dirigem. Saiba quais os principais problemas e como evitá-los
A cena é clássica. A mãe pega o filho no berçário ou na escola, põe a
criança no carro e tenta voltar para casa no meio do engarrafamento.
Enquanto ela tenta mudar de pista e prestar atenção nos faróis, a
criança chora e o celular toca sem parar. Além de chegar em casa, a
mulher quer saber o que está acontecendo com o filho no banco de trás e
atender a chamada – talvez seja urgente. O problema é que, entre uma
distração e outra, pode ser que não dê tempo de frear.
A revista americana American Baby e o Safe Kids Worldwide,
organização internacional que divulga informações sobre segurança
infantil, anunciaram os resultados de uma pesquisa exclusiva sobre mães
no trânsito. Eles descobriram que 10% das 2,4 mil entrevistadas já
bateram o carro enquanto transportavam os filhos. Aqui no Brasil,
infelizmente, não há dados específicos sobre pais ou mães, mas números
do Ministério da Saúde mostram que acidentes de automóvel estão entre as três principais causas de morte acidental de crianças entre 0 e 9 anos.
Esses dados são de 2010, e a expectativa é que os números mudem com a
adoção da lei das cadeirinhas, que entrou em vigor no mesmo ano. Mesmo
assim, é papel do motorista fazer o melhor para evitar acidentes. Com
base na pesquisa americana, CRESCER ouviu especialistas brasileiros para
descobrir os cinco erros mais comuns que as mães cometem ao dirigir com
as crianças e, claro, como evitá-los. Confira:
Preocupar-se com coisas demais enquanto dirige
“Tornou-se parte da nossa cultura não apenas dirigir, mas dirigir
fazendo vinte outras coisas”, afirmou Kate Carr, presidente e CEO do
Safe Kids Worldwide. Ok, ela está certa, mas há um pequeno detalhe
biológico que não podemos desconsiderar: ser multi-tarefa é uma
característica das mulheres, especialmente após o nascimento dos filhos.
Os hormônios envolvidos na gravidez e no parto agem sobre as estruturas
neurais, alterando a atenção e a memória. É por isso que elas conseguem
fazer várias coisas ao mesmo tempo e guardar um monte de informações.
No entanto, essa característica pode dar à mãe a sensação de que está
sobrecarregada ou que não consegue direcionar seu foco para uma coisa só
– por exemplo, prestar atenção no trânsito. Segundo o neurologista
Rodrigo Schultz, do Instituto da Memória da Univerdade Federal de São
Paulo, algumas coisas podem ajudar as mulheres a se concentrarem. Uma
delas é se planejar e fazer sempre um check-list antes de entrar no
carro. Assim, quando você começar a dirigir não precisa ficar se
perguntando se colocou o cinto na criança, pegou as fraldas e trancou a
porta de casa. Se estiver em uma rua movimentada e seu filho quiser
conversar, explique que precisa se concentrar e que dará atenção em
alguns minutos. Se possível, deixe algo com a criança para ela se
entreter. Importante é evitar tirar os olhos do trânsito.
Mexer em celulares e tablets
De acordo com a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
(Sbot), falar ao celular segurando o telefone é a principal distração no
trânsito. Para as mães, o cenário não é diferente. A pesquisa americana
revelou que 78% das entrevistadas falam ao telefone enquanto dirigem e
26% checam e-mails ao volante. Em uma enquete feita no Facebook da
CRESCER, 48% das mães que responderam confessaram que sempre atendem o
celular no volante, um hábito tão perigoso quanto dirigir alcoolizado.
Por isso, da próxima vez que o celular tocar no carro, pense na
segurança de todos. Se a ansiedade for muito grande, experimente colocar
os aparelhos no modo silencioso e deixá-los dentro da bolsa.
Resolver problemas da criança com o carro em movimento
É instintivo. Quando percebemos algo de errado, o bebê chora ou os
irmãos brigam, a reação imediata é olhar para o banco de trás, esticar
os braços e tentar resolver o problema. O capitão Paulo Oliveira, chefe
do setor operacional do Comando de Policiamento de Trânsito da Capital
(SP), alerta que essa não é a melhor solução. “A gente sabe que com
criança é complicado, nunca sabemos o que ela está aprontando ali atrás.
Mas é importante não perder o foco no trânsito. Caso o motorista
precise tomar alguma providência, deve estacionar em local seguro”. Ou
seja, se você acha que aquele choro é mais do que uma manha ou sentiu
que alguma coisa não vai bem com a criança, o ideal é parar o carro. Em
caso de viagens longas, Alessandra Françóia, da ONG Criança Segura,
recomenda que os pais façam uma pausa de hora em hora para evitar que as
crianças fiquem irritadas.
Uso inadequado de equipamentos de segurança
Sim, o uso de equipamentos de segurança para as crianças virou lei,
mas instalar os acessórios de forma incorreta pode ser tão ruim quanto
não tê-los. Antes de mais nada, é preciso saber quais são esses
equipamentos: para bebês de até 1 ano, o bebê conforto; para crianças de
1 a 4 anos, a cadeirinha; para crianças de 4 a 7, o assento de
elevação. A partir dessa idade, o cinto de segurança sempre. Para evitar
problemas, só compre produtos certificados pelo Inmetro e siga os
manuais de instrução. Outra dica importante é não abrir exceções para as
crianças. “Sempre que estiverem no carro, elas devem estar no
equipamento adequado. Se você a levar uma vez no colo, é bem provável
que da próxima vez ela rejeite a cadeirinha. Segurança não é um item
negociável e a criança precisa entender as regras”, explica Alessandra.
Quando parentes ou amigos estiverem no carro, peça para eles colocarem o
cinto e darem o exemplo. Isso vai estimular o seu filho a sentar-se
corretamente.
Esquecer que você também é gente
Atenção para esse dado assustador da pesquisa americana: as mães
dormem, em média, menos horas que um caminhoneiro (5h20 contra 6h50,
respectivamente). O maior problema das noites mal dormidas é a
diminuição do reflexo, ou seja, do tempo de resposta a acontecimentos
inesperados. Isso não significa que você deve aposentar o carro até
conseguir dormir uma noite inteira, mas não seja tão dura com você
mesma. Quando se sentir muito cansada, evite dirigir. Se aquela saída
for realmente necessária, peça ajuda para o pai, avós, amigas - ou vá de
táxi, levando a cadeirinha junto. Há também mães que não se sentem
seguras com um bebê no carro. Se esse for o seu caso, procure alguém
para acompanhá-la no trajeto e possa sentar no banco de trás para olhar
seu filho. Afinal, dirigir com as crianças também não precisa virar um
sacrifício!
Fonte: Revista Crescer
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